Você é um menino no corpo de um homem descalço, e eu morro de rir das suas manias bobas. De você me cobrir com edredom, num ritual largo, quando está quente. Às vezes, não posso fazer nada porque já estou dormindo. Então acordo de madrugada com vontade de jogar aquele edredom pela janela do quarto. Janela essa que você adora esquecer aberta quando estou com frio.
Gosto de perceber como você fica feliz quando eu estou feliz. E me sinto pesada quando sei que você está triste porque eu estou triste. Aí o jeito é dar um jeito de ficar bem pra você ficar bem. Logo, você me faz bem, porque eu preciso estar bem pra você ficar bem.
Gosto quando você está deitado de lado na cama e eu fico olhando para as suas costas gigantes em forma de montanha russa, que começa lá em cima na linha do ombro e desce perigosamente até o vale da cintura. Eu fico torcendo pra você virar para o meu lado, porque não tenho coragem de perturbar seu sono. Espero, ansiosamente, com todo o meu corpo, que alguma parte da sua pele encoste em mim. Combina demais com o meu sono o seu nariz respirando poesias no meu pescoço.
Eu gosto quando me levanto da cama devagar pra não te acordar, mas você percebe e reage assustado como se tivesse me deixando escapar. Até parece... Então você me chama pra cama de novo dizendo que precisa me falar uma coisa muito importante, como se eu já não tivesse manjado há séculos essa sua estratégia engraçadinha.
Eu gosto quando é você quem está dirigindo. Eu digo que você dirige mal e você briga comigo. Depois passa a marcha e descansa sua mão enorme, displicentemente perdida na minha perna. É uma rasteira sutil no meu equilíbrio. Eu sempre coloco minha mão em cima da sua pra prorrogar o momento até chegar a próxima redução de marcha, num círculo vicioso.
Posso ficar horas explicando porque gosto de você mas você não acredita. É porque você é bobo demais. Mas eu não me importo. Não precisa pedir desculpas porque eu gosto disso também: você é bobo demais!
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